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Rio terá previsão de ciclones - Jornal da Ciência / Notícias nº 3515 de 20 de maio de 2008
Publicado em: 21/05/2008,00:00
Cidade sediará sistema inédito para monitorar supertempestades no Atlântico Sul Roberta Jansen escreve para O Globo: Num mundo mais aquecido, em que eventos climáticos extremos poderão ocorrer com cada vez mais freqüência, o Brasil prepara um sistema inédito no país para o monitoramento de ciclones no Atlântico Sul. O anúncio foi feito hoje (21/05/08) por especialistas que participam do Encontro Internacional Sobre Ciclones do Atlântico Sul, que termina amanhã no Rio. Sediado no Rio, o projeto, que reúne cientistas da Universidade Federal do RJ (UFRJ), da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e da Coppe, tem como principal objetivo desenvolver modelos de previsão acurados para a detecção de tempestades severas, de ciclones a furacões. Tradicionalmente, estes últimos fenômenos não costumam ocorrer nesta região do Atlântico, mas desde o Catarina que em 2004 devastou parte de Santa Catarina , os cientistas começaram a se preocupar com a possibilidade de novas ocorrências, sobretudo num mundo que passa por mudanças abruptas no clima. A nossa tecnologia de previsão ainda é falha, mas estamos desenvolvendo modelos com o principal objetivo de detectar ciclones afirmou Isimar de Azevedo Santos, do Laboratório de Prognóstico em Mesoescala da UFRJ, coordenador do novo sistema. Hoje, conseguiríamos prever a aproximação do Catarina, mas não a sua intensidade. Enquanto o grupo de Santos desenvolve a modelagem numérica, a equipe da Uenf trata de trabalhar no sensoriamento remoto. Não temos recursos, como os americanos, para sobrevoar um ciclone e determinar suas características explicou Santos. Então temos que trabalhar com dados de satélite. O grupo da Coppe, por sua vez, está criando equações para quantificar eventuais danos. Por exemplo, se constatarmos a aproximação de um ciclone com ventos de 50 quilômetros por hora, poderemos dizer o que ele é capaz de causar, se pode levantar telhados ou derrubar árvores. Site estará no ar até o fim deste ano A idéia é que o projeto esteja disponível ao público no fim do ano, sob a forma de um site de previsão acessado gratuitamente pela internet. Regiões de águas mais frias, como o Atlântico Sul, não são propícias à formação de furacões que precisam de vapor dágua para se alimentar. Mas o Catarina, por exemplo, era um ciclone extratropical, normalmente ligado a frentes frias. Porém, de forma completamente anômala, ele se desgarrou da frente, transformando se num furacão. Não acho que necessariamente as águas do Atlântico Sul estejam mais quentes afirmou Santos. Mas o aquecimento global tem efeitos indiretos. Aumenta a energia (calor) da atmosfera e a reação a isso é o aumento na formação desses sistemas. (O Globo, 20/5) Fonte: Jornal da Ciência / Notícias nº 3515 de 20 de maio de 2008. Rita Juliano / Natália Aquino Assessoria de Comunicação LNCC Laboratório Nacional de Computação Científica 24 2233 6039 imprensa@lncc.br