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Projeto Tzedaká busca justiça social e ganho ambiental - Assessoria de Comunicação do CNPq
Publicado em: 21/05/2008,00:00
O nome tzedaká vem do hebraico e significa: justiça social. Desenvolvendo tecnologias de branqueamento totalmente livres de cloro, adaptadas ao processo tradicional da produção artesanal de papel e manipuladas por adolescentes entre 16 e 21 anos de famílias em situação de risco social, somadas ao trabalho dos catadores de papel e materiais recicláveis de Belo Horizonte, o Projeto Tzedaká consegue unir avanços sociais e ambientais em uma mesma ação. O Tzedaká é um centro de informação e referência para o meio ambiente, educação ambiental e desenvolvimento sustentável, coordenado pela pesquisadora Nícia Beatriz Monteiro Mafra. O estudo de alternativas para a produção artesanal de papel no Tzedaká visa à redução do impacto ao meio ambiente e agregação de valor ao produto ecossustentável. O apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT) ao projeto, no valor de R$ 116 mil, proporcionou a produção de equipamentos adequados à produção artesanal, tendo como base os utilizados na indústria papeleira. Produção As instalações estão montadas com capacidade para fabricar, em média, 10.000 folhas de papel/mês no formato 70 x 50 cm, sendo capaz de produzir convites, envelopes, folders e todo o tipo de peças gráficas, além da editoração de livros de tiragem limitada, cartilhas, álbuns, certificados especiais, criação de papéis novos de diferentes tipos, sempre buscando novas fontes de inspiração criativa, além do apuro técnico que permite a aplicação dos papéis especiais em obras de arte com resistência e durabilidade. Equipamentos Destaca-se, principalmente, a construção de uma máquina desfibradora de materiais considerados resíduos naturais orgânicos. Ela pode transformar em polpa celulósica as fibras de sisal, bagaço da cana, tronco de bananeira, coco verde, babaçu e trapos de algodão, entre outros. Esta máquina é denominada Holandesa e foi inventada em 1640. Para desenvolver um equipamento similar, o engenheiro mecânico Hitochi Yochida visitou o laboratório de papel da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e uma oficina de papel artesanal tradicional no Japão, acompanhado da equipe da empresa Global Ciência e Tecnologia, que dá apoio ao Projeto. O equipamento foi montado na empresa Usinex, especializada em projetos de máquinas. Outro equipamento, conhecido como Hidrapulper, propicia a recuperação de fibras no processo de reciclagem de embalagens, como caixa de papelão, sacos de cimento e embalagem longa vida (tetra pak). Essa máquina, utilizada pela indústria papeleira, tem capacidade para 500 litros de água e bate até 30 quilos de papel. Ela foi construída em parceria com engenheiros e uma indústria local, sob orientação da pesquisadora Cláudia Márcia Gomes, mestre em branqueamento de celulose pela UFV, que prestou consultoria para a implantação da tecnologia limpa. Os recursos do CNPq/MCT também proporcionaram o aperfeiçoamento de uma estufa para a secagem do papel e a adaptação de um motor em uma calandra, cujo cilindro afina a textura do material para o acabamento e a qualidade das folhas. Ganho ambiental O aumento da preocupação com o meio ambiente fez surgir um mercado com exigência de produtos que não levem riscos ao meio ambiente ou à saúde pública durante seu uso e produção. São os produtos denominados ecologicamente corretos, com tecnologias limpas de produção. O cloro foi muito utilizado para o branqueamento de polpas celulósicas que, associando-se às moléculas orgânicas, acabavam gerando as substâncias organocloradas, dioxinas e furanos, consideradas tóxicas, mutagênicas e bioacumulativas. Com as crescentes pressões por parte de grupos ambientalistas de órgãos governamentais criaram-se métodos de quantificação e legislações ambientais que limitassem a emissão dessas substâncias para o meio ambiente. As técnicas de tecnologias limpas, aplicadas ao processo, resultaram na eliminação dos organoclorados no efluente, a redução no consumo de água, redução no volume e carga orgânica do efluente para o tratamento e uso de energia solar na secagem artificial (em estufa) dos papéis. Os benefícios econômicos resultantes da realização do projeto também foram extremamente significativos: redução no custo de água em 96,8% e 70% de aumento na produção de folhas de papel artesanal. Ganho social Desde novembro de 2004, o Projeto Tzedaká mantém uma parceria com a Associação Profissionalizante do Menor de Belo Horizonte (Assprom), com objetivo de formar e profissionalizar jovens carentes entre 16 e 21 anos, nas áreas de produção de papel artesanal, pré-impressão e impressão gráfica, e editoração, dentre outras. Outra parceria envolve as cooperativas de catadores de materiais recicláveis de Belo Horizonte, com o objetivo de fomentar a gestão de resíduos sólidos no município, dar capacitação gerencial às organizações, acompanhar e realizar diagnósticos, atuando diretamente junto ao Fórum Municipal Lixo e Cidadania da capital mineira. Por iniciativa da Gerência de Coleta Seletiva, todo resíduo de embalagem da indústria Tetra Pak passou a ser coletada seletivamente e armazenada no espaço destinado ao Projeto Tzedaká. Fonte: Assessoria de Comunicação do CNPq (www.cnpq.br) Rita Juliano / Natália Aquino Assessoria de Comunicação LNCC Laboratório Nacional de Computação Científica 24 2233 6039 imprensa@lncc.br