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Brasil investe em bioinformática e genômica de olho no futuro - Jornal da Ciência /Notícias de 17 de julho de 2008
Publicado em: 17/07/2008,00:00
Redes trabalham na identificação de genes com potencial biotecnológico e de desenvolvimento de vacinas. Mas faltam recursos humanos para trabalhar na área, adverte especialista na 60a Reunião Anual da SBPC Daniela Oliveira escreve de Campinas para o JC e-mail: O Brasil conta, desde 2000, com uma rede nacional de laboratórios de biologia molecular e bioinformática, distribuídos em todas as regiões do país. Essa rede, parte do Projeto Genoma Brasileiro, foi responsável, por exemplo, pelo seqüenciamento do genoma da bactéria Chromobacterium violaceum, capaz de produzir plástico biodegradável. Outras bactérias vêm sendo estudadas com o intuito de se desenvolver vacinas, como a Mycoplasma hyopneumoniae, principal causadora de doenças no rebanho suíno. Entretanto, apesar de bem estruturada e com fluxo contínuo de recursos, a área carece de recursos humanos especializados. É o que alerta a pesquisadora Ana Tereza Vasconcelos, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e coordenadora das Redes Regionais de Estudos Genômicos do Ministério da C&T (MCT). A falta de pessoal nas áreas de bioinformática e genômica é um problema mundial. A quantidade de gente formada não é suficiente para suprir a demanda. Temos que investir seriamente em recursos humanos, disse a pesquisadora, que apresentou nesta quarta-feira uma conferência na Reunião Anual da SBPC. Segundo ela, muitas vagas oferecidas em concurso não são preenchidas por falta de candidatos. Adalberto Val, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e membro do comitê de avaliação da Capes na área de Ciências Biológicas II, disse que há uma preocupação dentro da agência em expandir a oferta de cursos na área. Ele sugeriu que os pesquisadores da área se reúnam para propor mudanças nesse sentido. Brasil é o oitavo em projetos de genômica Os EUA são hoje o país com maior número de projetos de seqüenciamento de genes, seguido de longe por Inglaterra e Japão. O Brasil ocupa a 8a posição, com mais de 1.800 projetos em andamento e 827 genomas já decifrados. Mas a situação já foi melhor: em 2003, o país era o terceiro entre os que tinham projetos na área de genômica. Ana Tereza Vasconcelos atribui a queda à diminuição nos recursos aplicados no setor e o interesse de outros países. No início, o governo de São Paulo, via Fapesp [Fundação de Amparo à Pesquisa de SP], e o MCT tiveram uma visão estratégica muito importante de investir dinheiro naquela área, que cresceu bastante. Mas o resto do mundo começou também a investir e fez com que esses países passassem a frente do Brasil, avaliou. Ela considera que a estrutura implantada naquele momento permitiu assegurar uma posição ainda interessante. Os 25 laboratórios já tinham sido criados, esses grupos já estavam publicando nessa área. Mas não podemos comparar a quantidade de recursos investida no Brasil e em outros países, e foi isso que fez com que caíssemos para a 8a posição. Criado em 2000, o Projeto Genoma Brasileiro recebeu cerca de R$ 14 milhões para sua implantação. Segundo Ana Tereza, o financiamento tem sido contínuo, mas por meio de projetos submetidos pelos laboratórios. Recursos direcionados para a área, em projetos induzidos como no início, nunca mais tivemos, alerta. Apesar de predominar na área médica, a bioinformática aplicada à genômica pode ser útil a outros setores. Um grupo do Programa de Investigação dos Genomas Sul, por exemplo, trabalha no desenvolvimento de uma vacina para doenças de suínos, com base no seqüenciamento do genoma da bactéria Mycoplasma hyopneumoniae, principal causadora de doenças no rebanho suíno. Com as técnicas desenvolvidas nesses laboratórios é possível também estudar áreas que estão sendo degradadas e, a partir de estudos genômicos, verificar o que existia anteriormente e construir uma memória da biodiversidade local. Alguns dos projetos também buscam identificar genes com potencial biotecnológico. No entanto, ressalta Ana Tereza, muitos desses estudos não conseguem ir à frente, por dependerem também do interesse da iniciativa privada. Muitas vezes acabamos fazendo a genômica e dependendo do apoio das empresas e indústrias, que precisam querer arriscar para poder chegar a um produto. E isso é difícil, explica. Fonte: Jornal da ciência / Notícias de 17 de julho de 2008. Rita Juliano / Natália Aquino Assessoria de Comunicação LNCC Laboratório Nacional de Computação Científica 24 2233 6039 imprensa@lncc.br